terça-feira, 12 de novembro de 2013

FILOSOFIA DE MATUTO

 “QUI NEM UM PASSARIM”
         Dr. Nicácio, advogado competente e famoso na região encontrou seu velho amigo “Zé Só”, matuto muito esperto residente na zona rural, e quis saber:
--- Como vai à vida “Seu Zé”?
--- Vô Levano como sempre. Qui nem um passarim! --- respondeu o homem alegre e sorridente.
--- Como assim? Que nem um passarinho?
--- Uai “dotô”, o sinhô sabe como vive um passarim? Mas, o passarim “sorto”, é claro. Ele acorda de madrugadinha, “óia” tudo em “vorta”, estufa o peito, abre o biquinho e se põe a cantar. “devi di sê” uma oração em agradecimento a Deus por tudo de “bâo” que Ele lhe dá. Aí o bichinho sai pra “buscá” o alimento. Mas num é que nem a gente que sai “esbravejano”, “pisano” encima de tudo não sinhô. Ele sabe “apreciá” o sol, a brisa e até a chuva que Deus lhi dá, tanto que, di vez em quando ele pára e repete o mesmo canto (oração) que fez quando saiu do ninho. E tem mais, passarim num “distrói” a natureza, aliás, ele até ajuda a preservá, não tem ganância, comi seus insetos e suas frutas e, quando enche a barriguinha vai “imbora” e só “vorta” pra “cumê” quando senti fome, não é como os “homis” que comi, comi até num podê mais, disperdiça e, mesmo qui istragui tudo, num divide a comida com os outros. É por isso “dotô” que procuro “levá” a vida alegre, “cantano” e “cumeno” o qui a terra mi dá. Como eu disse. Qui nem um passarim.
            Admirado com a conversa do matuto Dr. Nicácio se despediu e seguiu seu caminho comentando com seus botões: “Se todos pensassem assim eu teria que procurar outra coisa para fazer”. (Antonio Gilberto Portes 07/2011)












Nenhum comentário:

Postar um comentário